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Como é ruim se afogar

Surgia de repente, tímido, faceiro, desabotoando minha timidez, despindo-me com o olhar. Taças vazias escorriam o vinho de outras noites. Roupas espalhadas pelo corredor não escondiam o rastro que o amor desenhara.

Corpos úmidos, manchados. O meu cabelo encarolado deitava sobre seu peito e, naquele manto negro, eu me aconchegava. As mãos escorregavam inquietas: não se aquietavam; não se calavam. Logo de manhã, quando o sol apontava radiante no céu, partiu. Não hesitou, deixou-me pela metade.

Praia escura. Mais uma noite sem um sinal seu. As mesmas estrelas, a lua clara se insinua. Os pensamentos nadam à sua procura, mas amar é um verbo sorrateiro, que só faz balançar as ondas, as lembranças e, quando menos se espera, afoga-te no que restou do sonhar.

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